18 de agosto de 2014

O dia em que o rock foi a maçã que transformou Paraíso no inferno

No fim da tarde de sexta-feira, 15, Thiago Tubarão, Maurício Selagi, Caio Rps e eu chegamos em Paraíso do Tocantins a tempo de ver em uma das principais avenidas o carro de som anunciando os shows do Mata-Burro (Palmas), Makakongs 2099 (Brasília) e Few Coins (Paraíso) na praça José Torres. Era dia de rock em Paraíso!

O palco foi montado pela Prefeitura de Paraíso do Tocantins em frente a praça como atividade da Sexta Cultural, com a proposta de levar atrações culturais gratuitamente para a população. A participação do público ainda era uma incógnita pra mim até às 20h, quando ainda havia poucas pessoas, mas já tornava-se evidente uma incomum presença da combinação de jovens roqueiros e famílias em busca de lazer. Havia brinquedos infláveis, barraquinhas de crepe, tapioca e bebida.

Pouco mais de 21h, a banda local Few Coins – que nos bastidores virava Phil Collins – começa seu show. Apesar de adolescentes, na passagem de som o trio local já me chamou a atenção ao sair do óbvio tocando Buzzcocks (Ever Fallen in Love). Ainda tímidos no palco, tocaram algumas músicas autorais e covers de Nirvana, Ramones, Legião Urbana (Geração Coca-Cola) e Rodox. A banda teve três formações durante o show. Em duas, o baterista e o guitarrista se revezavam. Na terceira, outro garoto assumiu o vocal e guitarra.

Outro ponto que chamou a atenção durante o show da banda foram os seguidos toques que o guitarrista do Poetas do Caos, Fernando Rios, dava para a banda. Desde o alinhamento dos músicos no palco, regulagem do som e ainda uma leve bronca no fim do show para que os músicos recolhessem seus instrumentos no palco. Foi legal ver a banda como renovação da cena local e um músico experiente se esforçando para ajudar a banda a evoluir.

Em seguida, sobe ao palco os veteranos Makakongs 2099, preservando somente o baixista Phu como integrante da formação original de 1998. Completavam a formação o guitarrista André e Yuri Formiga na bateria. No início do show o trio já começou com um dos seus clássicos, Bota pra Lascar, e utilizou a sua experiência para provocar o público: “Nós somos a maçã e viemos transformar o Paraíso no inferno!”.

Deu resultado! Com o som marcado pelo frenético tu-pá-tu-pá-tu-pá, na segunda música já havia uma concentração de camisetas pretas agitando próxima ao palco. Na terceira música, o público roqueiro já estava suado. E assim o show seguiu com a formação de rodas em praticamente todas as músicas seguintes.

O repertório mesclou músicas de todas as fases da banda, além de algumas ainda inéditas, e o público se empolgava bastante com as letras com mensagens diretas contra grandes corporações como em McMaldade e Droga-Cola. Phu ainda foi didático ao incentivar a abstenção de votos dizendo que ele não votava e nem justificava sem qualquer prejuízo, mas não deixou de parabenizar a prefeitura do município pela realização do evento e alfinetou que era obrigação dela com aquele público.

Da mesinha em que eu estava vendendo cd, camisetas e fanzines, pude ver o rosto de cada integrante do Mata-Burro no instante antes de subir ao palco. Uns ficavam sérios e outros riam para disfarçar, mas estava nítida a ansiedade por finalmente realizar o show de lançamento do primeiro álbum. São sete anos de banda, duas tentativas frustradas de gravar o álbum às próprias custas, e O Preço Da Vida já estava gravado desde 2013.

Finalmente, o Mata-Burro sobe ao palco, e o baixista Bento acrescenta à provocação de Phu que, se o Makakongs era a maçã, o Mata-Burro trazia a cobra para transformar Paraíso no inferno de uma vez. O show começou com Porta Voz da Dor. Em pouco tempo, já estavam à vontade, com o guitarrista Thiago Tubarão se deslocando pelo palco e agitando em cumplicidade com o baterista estreante da banda, Maurício Selagi. O público se encorajava a subir no palco seguidamente para realizar o stage diving.

Como não podia deixar de ser, o repertório foi concentrado na maioria das faixas gravadas no álbum, como Mangueira Is The Solution, Fogo no Tambor, A Regra é Clara e Irmão Escolhido. As músicas eram tocadas em bloco para ninguém perder o pique. Mas a entrega era muito grande. Tanto que em alguns momentos, o vocalista Ithalo Kodó, que tinha ensaiado durante duas horas sem problema alguns dias antes, parecia que não aguentaria tocar as 20 músicas previstas.

Mais para o fim, o Mata-Burro fez dois covers, um do Cro-Mags (Hard Times) e outro do próprio Makakongs (Bota pra Lascar). Pela reação dos candangos, que estavam próximos a mim, o cover parece ter surpreendido a banda. Foi o momento de reverenciar a banda que foi influência para o Mata-Burro desde o começo. Por volta de 23h30, terminou o show.

Essa foi a primeira vez que vi um show de rock em Paraíso, e fiquei intrigado para entender por que não acontecem eventos por lá com mais frequência. Ninguém queria que aquela noite acabasse. O público permaneceu na praça mesmo com o fim da programação, e nós fomos terminar a noite no Bistrô Oficina Geral. Conversamos sobre o show, e a banda estava satisfeita. Definiram o público local como “insano”, no melhor dos sentidos. E assim eles se questionaram se os shows seguintes poderiam ser melhores do que esse.

14 de agosto de 2014

Mata-Burro lança álbum de estreia após sete anos de atividades

Terça-feira, 12 de agosto de 2014. Último ensaio da banda Mata-Burro antes dos shows de lançamento do álbum de estreia, intitulado O Preço da Vida. O baterista Maurício Selagi comenta que está nervoso porque seu primeiro show na banda será logo com o lançamento, que foi gravado pelo seu antecessor Rodolfo Japa. Isso também faz Thiago Tubarão relembrar sua entrada na banda, quando teve que tirar 16 músicas na guitarra em três semanas. Completam ainda a formação atual os remanescentes  da primeira formação de 8 de março de 2007, Ithalo Kodó no vocal e Bento no baixo.

Para promover o lançamento de O Preço da Vida, o Mata-Burro articulou uma miniturnê regional com a banda candanga Makakongs 2099 em Paraíso do Tocantins, Palmas e Gurupi, nos dias 15, 16 e 17 de agosto, respectivamente. Além dessas datas, já tem shows agendados em Brasília, Goiânia e Imperatriz, como pode ser conferido ao fim deste texto.

Fotos e colagem: Daniel dos Santos

Apesar de ser o álbum de estreia em sete anos de banda, O Preço da Vida vem com cara de segundo álbum, no mínimo. Isso porque em 2009 e em 2011, a banda realizou duas tentativas de gravar o álbum em Brasília, com produção de Phu (Makakongs 2099). Porém, ocorreu problema com as gravações e todo o material gravado e o investimento feito foram perdidos.

- A banda quase acabou por causa disso. Passamos o ano de 2012 inteiro sem fazer nenhum show. Em 2013, a gente decidiu fazer músicas novas, clipe novo e largar as antigas. Fazer músicas novas é a parte mais legal. Não sei como que o Iron Maiden aguenta tocar as mesmas músicas há tanto tempo – explicou Kodó.

Assim como toda experiência negativa na vida, nem tudo foi desperdiçado. Ainda segundo o vocalista, as tentativas de gravação em Brasília serviram muito de aprendizado, e as dificuldades desafiaram a banda para que o disco saísse a qualquer custo.

- Todos os problemas que tivemos dessa vez, inclusive com grana, resolvemos da seguinte maneira: "foda-se essa porra, esse disco sai! Já tem muito tempo que estamos correndo atrás disso.. mete ficha e depois vemos como resolver!" – afirmou.

Mesmo com a ausência das músicas antigas em O Preço da Vida, algumas delas estão no repertório de ensaio e devem continuar nos shows, como Armas de Destruição em Massa e Humanos, da demo Calango Sobrevivente, e Mendigo, da demo Terror e Redenção. Portanto, as 13 músicas do disco são inéditas e foram gravadas no Idea Studio, em Palmas, ainda em 2013. Já foram divulgados os videoclipes de A Regra é Clara e Santa Maria.

Último ensaio da banda antes do lançamento Foto: Daniel dos Santos

O Mata-Burro já tocou nas principais cidades e festivais do Tocantins, e circulou por Brasília, Goiânia, Uberlândia e Belém. Mas segundo Ithalo, talvez as atividades da banda quando não está nos palcos seja o que de melhor tenha oferecido para o cenário local. Com os princípios do faça você mesmo, desde 2008, a própria banda realiza o Burrada Rock Festival, com a participação de bandas locais e convidadas de fora do Estado. O intercâmbio é recíproco, e isso possibilitou a circulação da banda em shows de hardcore em outros estados.

Em 2013, a banda também passou a realizar abertamente o evento A Rua se Mistura, com a proposta de ocupar uma praça em Palmas eventualmente e promover cultura, esporte e lazer para o público jovem. Veja mais sobre isso no texto que fiz sobre a primeira edição do evento aqui. Sobre as intensas ações da banda extra-palco, Ithalo afirma o seguinte:

- Somos banda o tempo todo! Tentamos estar presentes nos outros shows, fazer shows, fazer com isso aqui cresça. Aprendemos isso nos rolês que demos fora. As bandas, principalmente nos sons podreras, trabalham pra coisa não morrer e essa é nossa intenção aqui. Creio que foi o que abriu mais espaço pra nós. Existem milhões de músicos melhores, mas na correria nós somos pilhados. hahahahaha – definiu.

Como prova dessa dedicação dos integrantes da banda, ao fim do último ensaio presenciei a conversa e a ansiedade deles para que ocorresse tudo certo no lançamento. A três dias do primeiro show da miniturnê, eles se preocupavam com a chegadas do cds, a confecção das camisetas e do banner de palco, buscar o Makakongs no aeroporto e levá-los para Paraíso, além das entrevistas para promover os shows de lançamento. Enfim, uma banda que trabalha muito e resiste no cenário local simplesmente por continuar existindo, e especialmente com som autoral.

AGENDA DE SHOWS DO MATA-BURRO:

agenda mb

29 de janeiro de 2014

Exame constata lesão no atleta Daniel dos Santos

O atleta amador Daniel dos Santos teve lesão confirmada no pé esquerdo após a realização de exames médicos nesta quarta-feira, 29. A ultrassonografia identificou um trincamento no primeiro metatarso do pé esquerdo. O craque canhoto reclamava de dores desde a última pelada na sexta-feira,24, quando após um efetuar um cruzamento não teria mais conseguido chutar ou dominar com o referido pé.

- Parecia que eu tinha chutado uma pedra. Mas continuei no jogo. Fui no sacrifício para ajudar a equipe. - reclamou o veloz atacante.

Seu amigo e companheiro de equipe, Ciro, ficou surpreso com a lesão.

- Na hora achei que fosse frescura dele para disfarçar que tinha errado o cruzamento. – confessou Ciro.

ultrassom daniel

No entanto, as dores não passaram após a partida e o jornalista nas horas oficiais decidiu fazer exames e procurar um ortopedista. No primeiro momento, o raio-x não apontou fratura e fez com que o médico suspeitasse de uma ruptura parcial dos ligamentos, lesão possivelmente mais grave que a fratura. Porém, após a ultrassonografia foi constatada a lesão no osso. O ortopedista explicou que o tratamento não é cirúrgico.

- Ele (Daniel) precisará ficar afastado dos gramados sintéticos por 21 dias. Neste período, utilizará um apoio acolchoado para não forçar essa parte do pé na hora de caminhar.

pé com acessório

Com isso, o atleta deve retornar aos jogos somente no fim de fevereiro. Conhecido por jogar descalço, o atleta acredita que a lesão ocorreu de fato na semana anterior, quando em uma tentativa de roubada de bola, chutou o calcanhar do adversário.

- Pelo que o médico me falou, a lesão deve ter ocorrido quando chutei o calcanhar do colega, só que o osso permaneceu alinhado. E só no segundo futebol depois da lesão é que durante um simples cruzamento, acabei desalinhando o osso e sentindo as dores.

Embora o médico afirme que a lesão poderia ser evitada caso o atleta jogasse calçado, Daniel garante que não comprará chuteiras.

- É meu estilo. Faz parte do meu futebol moleque. Cresci jogando no asfalto quente nas ruas de Taquaralto. – afirmou com um sorriso maroto escapando.

Sua mãe comentou a teimosia do filho.

- Depois dessa lesão grave, queria muito que ele atendesse um apelo de mãe e largasse o hobby. Poxa, lembro quando o pezinho cabia na minha mão. Eu beijava ele.. era cheiroso, macio... Agora essa violência maltrata aquilo que tanto cuidei.

Portanto, o atleta deve voltar a jogar - descalço - às terças e sextas pelos gramados sintéticos da cidade de Palmas. Por coincidência, nos mesmos dias em que o time do coração, Vasco da Gama, também entrará em campo, já que o time disputará o campeonato brasileiro da série B. Engana-se quem pensa que Daniel tem motivos para lamentar que joga enquanto o jogo do Vasco é transmitido pela TV.

- É um sentimento diferente. Como se eu entrasse em campo junto com a equipe. – concluiu.