22 de fevereiro de 2010

O Carnaval do Metal, Hardcore e Covers

Durante o último carnaval, aconteceu bem mais que os movimentos de trios elétricos ou desfiles de escolas de samba nas avenidas. Há sete anos começou o Grito Rock em Cuiabá (MT), através do coletivo Espaço Cubo, um projeto ambicioso que tem como pretensão proporcionar uma nova opção para quem não se anima com axé, samba, frevo e afins neste período do ano. Em 2010, o Grito Rock se confirmou como o maior Festival Itinerante da América do Sul atingindo mais de 80 cidades, e Palmas não ficou de fora nesse carnaval pelo quarto ano seguido no Tendencies Music Bar.

Desde o ano passado, tem rolado uma renovação natural no público e nas bandas palmenses em nosso cenário. A presença de adolescentes nos shows de rock tem sido cada vez mais crescente, e devido às descobertas de internet, os shows das bandas novas que privilegiam covers de músicas facilmente reconhecidas acabam sendo os preferidos deste novo público.

DSC02813DSC02545

Sobraram bandas com repertórios recheados de covers de todos os sabores. As bandas que mais se destacaram deste time foram o Maquinários e o Asterod 66. A primeira se apresentou na sexta-feira (12/02) e chamou a atenção porque os caras já tem uma direção definida e boa presença de palco com repertório empolgante apostando no rock n roll clássico de bandas como Deep Purple, AC/DC, Steppenwolf e Raul Seixas. A segunda é um power trio de rockabilly que começou há pouco tempo, e tem a proposta única no estado de diversão às custas do rock em sua forma original. O Asterod 66 foi responsável pela maioria dos litros de suor derramados no chão do bar na noite de segunda-feira.

Outro destaque foi a novidade Rock Grande do Sul Project, que animou a noite de sábado com a proposta de tocar os clássicos do rock gaúcho (mesmo!) de bandas como TNT, Cascavelletes, Graforréia Xilarmônica e Tequila Baby. Ainda houve Pablitos SA, banda com bom vocalista e guitarrista, que decidiu tocar um pouco de tudo em apenas um show, e o Green Mug, que se propõe a tocar rock pesado made in 90’s, como indicam os clássicos tocados Do the Evolution (Pearl Jam) e Man in the Box (Alice in Chains). Sem contar o Toninho de Olinda, que preferiu coverizar a imprevisibilidade de Raul Seixas, e desapareceu no momento de seu show. Desde então, ele é tido como procurado, quem souber de seu paradeiro, entre em contato com o organizador do evento, Porkão.

DSC02637 Embora as bandas covers tenham feito mais sucesso, as grandes atrações do Grito Rock Palmas 2010 eram a gaúcha Predator e a norte-americana Master, que combinaram técnica, velocidade e muito barulho na primeira noite do nosso carnaval do rock. Esse show fez parte da turnê nacional das duas bandas de death metal chamadas Masters of Hate. É de se invejar a disposição do tiozão do Master, que tá viajando de van por um país que não fala sua língua só pelo rock n roll. Teve mais barulho com a Baba de Mumm Ra, que fez um show divertido, mas que ainda está atrás de sua melhor fase; o trio white extremo de Araguaína, Clamor; a reconfigurada Mata-Burro, que agora só tem o vocalista Ithalo de integrante original; e a novata N.S.I., que se no palco ainda tem muito a melhorar, fora dele já tem muitos simpatizantes pela agitação do público durante o show.

DSC02680DSC02705

Duas bandas escaparam dos rótulos apresentados no título deste texto. O Super Noise de Gurupi, e a Boddah Diciro fizeram shows somente com músicas próprias e de muita personalidade. Entretanto, sábado foi um dia atípico e deu pouco público em comparação com os outros dias de evento. Além disso, ambos não tinham lá muitos amigos no bar para agitar ao primeiro comando. Somado ao pouco poder de interação dos dois grupos, não deu em outra: o público apático esqueceu de se divertir, e concentrou a pouca energia para ficar só observando as apresentações. Porra! Não era bossa e nem Caetano! Era rock e dos mais bem feitos por estas terras!

Quem não tem original, caça com cover, tá certo! Mas um cenário cultural não se forma sem diversidade e identidade própria. Por isso, é preocupante que esse público renovado se satisfaça apenas com cover e hardcore.

Fotos retiradas do Picasa do Tendencies Rock

9 comentários:

Daiane Santana disse...

Olá! Muito boa a matéria, queria ter ido na segunda-feira mas não deu. Pelo o que vejo perdi a banda que mais queria ver "Asteroide 66"... tudo bem, terei outras oportunidades =]

Mas enfim, eu adorei, se não me enganei foi a minha primeira vez.
Gostei também da parceria do festival e o twitter. =]

abs

Cecilia Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tv Alta Voltagem disse...

a materia bem intencioanda, mas é assim mesmo, normal, o texto é sempre recheado dos valores do autor, mas valeu pela matéria. só um detalhe, MAQUINÁRIOS, não é banda covers, eles fazem alguns covers, além de muitos autorais, que possuem.
é som isso.

abraços

Cecilia Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cecilia Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cecilia Santos disse...

o público de Palmas é uma grandeeee piada.
e eu acho que você deveria começar o seu texto falando da vergonha que é um lugar que tem festivais como o Tocantins (PMW, Tendencies, TOME) continuar sem produção própria.
concordo quando você diz que é um cenário PREOCUPANTE, pq hard core NÃO CONTA!
e mais, acredito que banda cover não deveria tocar em festivais. se quiser espaço, senta e cria, se não, vai tocar em festinha universitária.
mais triste ainda foi pensar que no sábado, com as melhores atrações o Tendencies infelizmente ficou vazio.
as apresentações das duas únicas bandas que fazem música autoral com qualidade nesse Estado, Boddah e a novata Super Noise (grande promessa) passaram batidas.
muita vergonha alheia!

Maiara Zortéa disse...

Olha, eu acho o público realmente não ajudou muito, mas pensando de uma forma bem egoísta, eu que fui ver a Boddah e odeio lugar lotado achei ótimo, parecia que estava no quintal de casa com amigos. Mas a verdade é o que pessoal meio que cansou do Tendencies, eu mesma só vou nessas coisas pq o pessoal da Boddah me chama, já que sempre só tem muleque...

Maquinarios disse...

Olá, muito boa a iniciativa de um blog com conteúdo musical do Estado. Bom. Eu acho que é essencial alguns esclarecimentos da parte da banda Maquinários. Primeiro, somos uma banda iniciante e julgamos que a melhor forma de difundir um trabalho é conquistando o público. Levamos covers e autorais sempre mesclados por ser esta a forma de trabalho da banda. Fica até meio estranho tocar apenas autorais, uma vez que somos uma banda ainda desconhecida pelo grande público. Ultimamente temos trabalhado muito mais as músicas autorais do que os covers em nossos shows. Gostariamos de ser evidenciados não como banda cover, que não cria, pois esta não é a verdade, mas sim pela proposta que queremos criar com as nossas autorais, como: "jack silver", "Hell Girl", "Baby, vamos para a lua", "Ela é gostosa", "Vidas a Esperar", "Filho do mundo", "Rancho Texas" e outras que sempre tocamos em nossos shows. Em breve teremos outra apresentações em que tocaremos covers (nossa homenagem aos artistas nos quais nos inspiramos), as autorais que sempre mandamos (o público conhece) e as que estamos produzindo (que o público irá conhecer). Abraço a todos e viva a música!
Banda Maquinários.

Anônimo disse...

O instrumental da noise é interessante mesmo, agora o vocal...