14 de abril de 2010

7º Tendencies Rock Festival: Entrevista com The Moxine (SP)

A música não separa, soma.”



Quando o Daniel me avisou que faria uma série de entrevistas especiais para o Matarte com as bandas que vão tocar no 7° Tendencies Rock Festival, me ofereci para entrevistar o Moxine. Tenho tentado emplacar um texto meu neste blog desde que a ideia ainda estava no papel e vi na matéria a oportunidade perfeita.

Minha afinidade com o Moxine é meio óbvia pra todo mundo que me conhece. Gosto de rock, electro rock e de gente que gosta de experimentar, o que torna a banda com o perfil do tipo que eu curto ouvir.

Encabeçado pela multimusical Mônica Agena, o Moxine é o reflexo da diversidade de influências da cantora. Ela, que é a atual guitarrista do Natiruts, banda de reggae conhecida da galera, tem um currículo extenso no universo artístico. Mônica já tocou em um grupo de covers de black music e disco, já deu aulas, já teve um projeto instrumental e agora flerta com rock, na primeira vez que canta e toca guitarra ao mesmo tempo.

Formado ainda por Hagape Cakau (baixo), Caju (bateria) e com o mais novo integrante Gianni Dias (guitarra e teclado) o grupo faz aquele som que você pode até não curtir, mas não consegue ficar parado quando ouve. Você balança a cabeça, o pezinho ou o corpo inteiro, se for o meu caso. Porque pode apostar, de alguma forma o Moxine vai te fazer dançar. Mesmo que seja você um metaleiro headbanger extremista. É um daqueles sons que é impossível ouvir e ficar parado ao mesmo tempo.

Recém-chegados de uma viagem ao South by Southwest, considerado hoje um dos maiores e mais importantes festivais de música independente do mundo, os paulistanos desembarcam para uma apresentação única na noite de quinta-feira, 15, no Tendencies.

Escalados para tocarem no mesmo dia que o Dado Villa Lobos, o Moxine é para mim, a atração mais esperada.

E por esta entrevista que fiz com Mônica, a multimusical vocalista da banda, rola ainda mais vontade de ver ao vivo. Afinal quem consegue misturar no IPOD, Karina Buhr, Cidadão Instigado, Carpenter e JUSTIN TIMBERLAKE merece todo meu respeito e admiração!

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Como foi que você descobriu o Tendencies Rock Festival? O contato para tocar no festival partiu de você ou do próprio Porkão?

Descobrimos o festival ano passado através da Associação Brasileira de Festivais Independentes - ABRAFIN, pesquisamos na internet sobre o Tendencies e gostamos. Mandamos nosso material e entramos na edição desse ano.

Você mora em São Paulo, para você, qual a visão que as bandas do independente do sudeste tem da cena rock da região Norte? Há um intercâmbio de informações equilibrado?

Já fui algumas vezes para Manaus e Belém, conheci algumas bandas e músicos e trocamos algumas informações sobre lugares legais para tocar na região Norte e Sudeste. Em toda cidade existe um espaço para todas as tribos, no caso de São Paulo, existem muitos espaços para todas as tribos. Então se uma banda de rock de Manaus vem pra São Paulo, ela pode se organizar e fazer em 20 dias, na mesma cidade uns quatro, cinco shows. Nós da região sudeste, dependemos um pouco dos grandes festivais para ir pra Belém, Palmas, Goiânia… É assim que eu sinto.

Acho que as ações internacionais são tão importantes quanto as nacionais. Nossa experiência em Austin foi incrível, eu nunca vi tanta oferta de show e tanto espaço pra música ao vivo como eu vi no SxSW. Participar desse festival gera uma ansiedade muito grande, porque é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, em média 700 shows por dia, você mais perde show do que assiste e a maioria das grandes gravadoras e agentes do mundo estão lá, naquele momento a procura de novos artistas. Depois de tanto investimento, você quer aproveitar tudo aquilo ao máximo. Você deve ir preparado, sabendo como aproveitar as oportunidades que o SxSW oferece, caso contrário, tudo pode passar desapercebido, você vai para lá, toca, ganha a experiência e pronto. Um festival nacional menor que o SxSW, muitas vezes, potencializa e divulga muito mais a participação das bandas, tudo bem que estamos falando de projeções diferentes, um é internacional e outro nacional, mas as duas ações são importantes e se completam.

Quais as bandas/artistas, brasileiras e gringas, que vocês estão escutando ultimamente? E quais nunca deixam de ouvir?

Brasileiras: Comma, Milocovik, Sinamantes, Karina Buhr, Cidadão Instigado, Alan Delon é uma banda muito charmosa, costumo acompanhar os projetos do André Abujamra.

Gringas: These New Puritans - Janelle Monae Tightrope - Peter, Bjorn and John, adoro The Kills, adoro Britney Spears e Justin Timberlake. Nunca deixo de ouvir Appetite for Destruction, Beatles, Raul Seixas, Carpenters, Chico Buarque e David Bowie.

O Moxine tem hoje um EP e dois videoclipes. Há um plano para lançar um disco? Se sim, em qual formato?

Temos dois vídeos clipes, ‘I wanna talk about you’ e o outro da faixa que da nome ao EP, ‘Electric Kiss’ dirigido por Marina Quintanilha. Temos vontade de gravar um full album e lançar no segundo semestre desse ano. Formato digital com certeza, físico… não sabemos.



O EP do Moxine está disponível para download gratuito, a ideia é que a banda tem uma postura pró em relação à troca de arquivos. Se o grupo lançar um disco, há a possibilidade de ele ser colocado para download livre? Qual a posição do Moxine em relação ao acesso gratuito a música?

Não sou contra a nenhuma estratégia, download gratuito, download pago, tudo é justo. Nesse momento facilitamos ao máximo para que a nossa música chegue as pessoas que gostam do nosso som, no final do ano passado, fizemos uma distribuição gratuita do produto físico, enviamos EPs de presente para as primeiras 100 pessoas que nos pediram. Mas tudo isso é um investimento, você gasta para gravar, prensar, divulgar e distribuir, eu entendo as bandas que não disponibilizam suas músicas para download gratuito. Também não sei até quando o Moxine poderá fazer isso, chega uma hora em que o artista precisa ter algum retorno financeiro para produzir, e nada mais justo que vender sua música na internet ou onde quer que seja. Por enquanto, nos divertimos distribuindo gratuitamente! E gostamos muito quando alguém pede um EP ou faz o download!

A banda hoje tem três integrantes, você, Hagape Cakau e o Caju, como vocês se encontraram? Como foi essa aproximação?

Eu e Hagape tocamos juntas desde 1998, temos muita afinidade pessoal e musical, já tínhamos visto o Caju tocar em outras bandas, quando pensamos em montar o Moxine, sabíamos que o estilo dele iria casar perfeitamente com o nosso. Hoje tem mais uma pessoa com a gente, o Gianni Dias, está tocando guitarra e teclado.

Qual o papel de cada um no grupo? Qual a contribuição musical de cada membro?

As músicas ‘nascem’ de diversas maneiras, às vezes a Hagape mostra uma linha de baixo, às vezes o Caju mostra uma levada de bateria, na maioria das vezes eu levo uma idéia de voz e violão, o Caju e a Hagape desconstroem tudo e transformam em outra coisa. Por eu ter uma estrada como guitarrista, tenho muitas idéias que partem de riffs de guitarra.

Li em uma entrevista sua que você começou a tocar porque viu um amigo tocando Raul Seixas e de lá pra cá nunca mais se afastou deste universo. Qual é sua relação hoje com a música, qual o espaço que ela ocupa na sua vida?

Eu trabalho e me divirto com a música, essa é a minha relação com ela.

Você é uma artista com referências musicais muito diversificadas. Para perceber isto, basta acompanhar sua trajetória musical e os projetos que você se envolve. Como é compor com tantas influências assim? É difícil achar um foco? Ou pra você isso só enriquece o processo de criação?

Não penso em estilos quando componho, e me sinto privilegiada por ter tido a oportunidade de me enveredar em diversos estilos musicais e aprender peculiaridades do reggae, da música instrumental, MPB, etc. A música não separa, soma.

Como jornalista musical, rotulando por cima, diria que o som feito pelo Moxine é um electropop muito dançante. Mas como você, sem rotular, descreveria o som da banda?

Adorei isso ‘electropop dançante’ eu diria isso mesmo!

Vocês conseguiram tocar no SXSW. Estão agora tocando pela primeira vez em um festival na região Norte do País, quais são as pretensões futuras da banda?

Gravar muito, se conectar com as pessoas que gostam da nossa música e por fim, poder levar nosso show pra essas pessoas!

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Cecília Santos é jornalista diplomada, editora de cultura do jornal O Estado, roqueira desde que nasceu e fã incondicional do Matarte.



Escrito ao som de Moxine

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