14 de março de 2010

Pseudo-resenha: Invictus, de Clint Eastwood





No último sábado, fui ao Cine Cultura do Espaço Cultural assistir ao novo filme de Clint Eastwood, Invictus. Como sempre tenho um bom pressentimento em relação aos filmes do velho blondie - e, para ser sincero, nunca me decepcionei com nenhum deles - não deixei que o céu nublado me impedisse de ver esse na tela grande.

O filme conta um episódio verídico ocorrido entre 94 e 95, durante o primeiro mandato de Nelson Mandela como presidente da África do Sul após a sua libertação, em 90. Aqui, Mandela (Morgan Freeman) se depara com um país que, apesar do fim do apartheid, ainda possui uma espessa atmosfera de desconfiança e temor entre negros e brancos.

Os brancos, que viam Mandela como um terrorista pelo seu passado enquanto chefe do braço armado do CNA (Congresso Nacional Africano), acreditavam que o novo governo iria se voltar contra eles, tomar seus empregos e propriedades ou coisa pior. Por sua vez, os partidários de Mandela acreditavam que a população branca, inconformada com o resultado das eleições, faria de tudo para retomar o poder, inclusive assassinar o presidente.


Mandela (Morgan Freeman) e Pienaar (Matt Damon) conversam: o rubgy como forma de reconciliação

Em meio a tudo isso, Mandela vê no rugby uma paixão que pode ser compartilhada por todos e então decide se aproximar de François Pienaar (Matt Damon) - capitão dos Springboks, o time nacional de rubgy da África do Sul – e o convence de como é importante que eles vençam a Copa Mundial de Rubgy de 1995, sediada naquele ano no país.

Sua estratégia era simples: ao apoiar o time de rubgy da África do Sul e tentar integrar a população negra ao esporte (que até então simbolizava o domínio africâner) através do programa Um Time. Uma Nação, ele conseguiria unir os dois grupos em torno de um objetivo comum e assim dar início à construção da democracia multiracial que tanto anseiava.

É claro que conseguir isso não foi fácil. Mandela teve que ir contra as aspirações de muitos de seus simpatizantes, que desejavam uma política menos amigável à minoria branca e viam na eleição de Mandela uma oportunidade para apagar os traços do antigo governo e modo de vida. Isso é evidenciado pela cena em que membros do Ministério do Esporte fazem uma votação para decidir se devem ou não mudar as cores do uniforme e bandeira dos Springboks, símbolo de décadas de domínio africâner.


Mandela (Morgan Freeman) saúda torcedores durante a final da Copa Mundial de Rubgy de 1995

Mas Mandela via além. Ele sabia que esse tipo de decisão apenas confirmaria os temores dos brancos. Assim, ao contrário do que todos esperavam, ele pregou durante o seu mandato uma política de absolvição, e não de ataque às minorias brancas ou de punição aos responsáveis por anos de segregação racial e pelos seus 30 anos de encarceramento. Como ele mesmo diz: “O perdão liberta a alma. Ele remove o medo. Por isso é uma arma tão poderosa.”

Invictus é basicamente sobre isso: perdão. Motivado pelo poema que dá título ao filme, Mandela preferiu esquecer o passado e seguir em frente, tornando-se ele mesmo mestre de seu destino e comandante de sua alma.

Programa

Onde: Cine Cultura, no Espaço Cultural José Gomes Sobrinho
Quando: De segunda à sábado, com sessões às 21 horas
Quanto: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Classificação: 14 anos.

2 comentários:

Daniel S. C. Silva disse...

Ainda verei esse filme.

Como o Pablo descreveu, parece mais fácil identificar o porque de algumas personalidades mundiais terem se tornado personagens capazes de influenciar mudanças históricas.

Remo disse...

eu vi, tenho ele pirata.
ow, vamo resenhar filme nacional tbm =]

sucesso